Cólicas

by - julho 03, 2020

Medindo as dores das pessoas!

Desde meu primeiro ciclo, sentia cólicas, e com o passar dos anos foi ficando cada vez mais intensa, com 13 anos comecei a fazer exames pra tentar identificar o que poderia ser, mas não havia nada de errado. 

A dor passava com um remédio em um mês e no outro ele já não fazia mais efeito, tinha que trocar, tomar em intervalos mais curtos, bolsas de água quente, dores nas pernas, costas, alma...

Comecei a tomar anticoncepcional cedo, indicado por um médico como medida pra aliviar a dor e o sofrimento que o ciclo causava, que passou de 7 dias para 5, mas ainda sentia fortes cólicas. Como o remédio tinha pausa, foram programadas para acontecer em fins de semana, porque eram dias seguros pra sentir dor. 

E sabe o que eu ouvia de muitas mulheres:

- Ahh a dor não é assim tão forte
- Ahh eu posso fazer qualquer coisa nesse período que não sinto nada
- Ahh só um remedinho simples é pra passar
- Ahh tem mulher que é fraca mesmo
- Ahh você tá reclamando dessa dorzinha, é porque não viu a do parto...

E sabe o que acontece quando escutamos esse tipo de pessoas? Desvalorizamos os sinais de nosso corpo, não ouvimos os pedidos que atenção e de socorro.

Então, sabemos de todo o mal que o anticoncepcional pode causar, parei por 1 ano, e foi aí que o bicho pegou: dor intensa, de faltar o ar, roupas manchadas com frequência porque o ciclo aumentou muito, remédio pós cirúrgico a cada 2 horas. Parecia que tinha uma faca girando dentro do útero e de toda a região.

Até que pensei: Não é possível que isso seja normal na vida das pessoas, a dor era incapacitante.

Vou a Gini todos os anos fazer os exames e dessa vez reclamei da dor, ela pediu 2 exames e Tadammmm, endometriose ( é quando o tecido que normalmente reveste o útero cresce fora do útero.)
Então, quando vem a menstruação, sangramos dentro e fora do útero, pode ser nos ovários, intestino, barriga, bexiga ou qualquer local que as células malandrinhas chegarem.

No primeiro mês de tratamento, consegui passar a cólica com um cházinho e um buscopam. Sabe como é o nome disso: Sonho. Uma vida inteira de dor desnecessária.
Porque nos obrigam a acreditar que temos que ser fortes, que temos que suportar todo tipo de dor, que somos mais fracas quando sentimos algo que as outras não sentem.

E essa desvalorização do sentir não acontece somente com dores físicas e nem só com mulheres, todos somos passíveis desse tipo de julgamento. 

Não seja essa pessoa que desvaloriza o sentir do outro, não deixem pessoas assim desvalorizar seus sentimentos, eu demorei pra procurar tratamento, mas poderia ser alguma doença que não tivesse um retorno.

Mulheres precisam ser parceiras umas das outras, precisamos ter empatia, você nunca vai sentir o que a outra sente, da forma como ela sente, na intensidade que ela sente, por mais empática que sejamos. Mas podemos olhar para a outra como um ser único que ela é e lhe estender a mão.


Sororidade minhas amigas!
    

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